Contra "bullying económico", China promete ser "porto seguro" de investimento estrangeiro

por Cristina Sambado - RTP
Tyrone Siu - Reuters

A China vai proteger as empresas norte-americanas e continuar a ser um "porto seguro" para o investimento estrangeiro, apesar da guerra comercial e da imposição de tarifas de 34 por cento sobre as importações dos EUA, garantiu esta segunda-feira Ling Ji, vice-ministro do Comércio.

A China lançou na passada sexta-feira várias contramedidas às taxas anunciadas por Trump. As medidas chinesas incluem taxas de 34 por cento sobre produtos oriundos dos EUA, sanções contra empresas norte-americanas, restrições à exportação de certas terras raras ou a abertura de investigações anti monopólio e antidumping contra empresas e produtos norte-americanos, além disso, Pequim apresentou uma ação judicial na Organização Mundial do Comércio.A China já tinha anunciado o controlo das exportações de sete elementos de terras raras, incluindo o gadolínio, utilizado em particular nas imagens de ressonância magnética, e o ítrio, utilizado na eletrónica de consumo.

Ling, que é também o negociador comercial adjunto da China, garantiu que o país asiático protegerá os “direitos e interesses legítimos das empresas financiadas por estrangeiros de acordo com a lei” e “promoverá ativamente a resolução dos seus problemas e exigências”.

Mas estes impostos destinam-se também a “colocar os Estados Unidos de novo no caminho certo do sistema comercial multilateral”, explicou o governante a um grupo de 20 representantes empresariais americanos, segundo um comunicado de imprensa emitido pelo Ministério na segunda-feira.

O vice-ministro estava a falar com representantes de várias empresas americanas, incluindo a multinacional médica GE Healthcare e o fabricante de automóveis Tesla, cujo chefe Elon Musk é um conselheiro próximo de Donald Trump.Estes 34 por cento de direitos aduaneiros chineses entrarão em vigor a 10 de abril.

No entanto, Ling Ji sublinhou que “a China tem sido, é e continuará a ser um local ideal, seguro e promissor para os investidores estrangeiros”.

“A raiz do problema dos direitos aduaneiros está nos Estados Unidos”, sublinhou o vice-ministro.

As declarações surgem semanas depois de o presidente chinês, Xi Jinping, ter recebido em Pequim os diretores executivos e quadros superiores das principais empresas europeias e norte-americanas, no âmbito da campanha do país asiático para reconquistar a confiança do setor privado e atrair investimento estrangeiro.

Ling Ji apelou às empresas norte-americanas na China para que “tomem medidas concretas e mantenham conjuntamente a estabilidade das cadeias de abastecimento globais, bem como promovam a cooperação mútua e resultados vantajosos para todos”.

A utilização de taxas alfandegárias contra todos os seus parceiros comerciais, incluindo a China, prejudica gravemente o sistema comercial multilateral”, acrescentou.

“Esperamos que as empresas financiadas pelos EUA sejam racionais e tomem medidas práticas para manter a estabilidade da cadeia de abastecimento global em conjunto”, frisou.
Prioridades dos EUA acima das regras internacionais
Esta segunda-feira, Pequim acusou também Washington de desrespeitar as normas do comércio internacional. “Os Estados Unidos estão a praticar a hegemonia em nome da reciprocidade, sacrificando os interesses legítimos de outros países para servir os seus próprios interesses egoístas e colocando as prioridades dos EUA acima das regras internacionais”, lamentou Lin Jian, porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.

Colocar a América em primeiro lugar, acima das regras internacionais, é um ato típico de unilateralismo, protecionismo e bullying económico”, sublinhou Lin Jian durante uma conferência de imprensa regular, acusando Washington de querer “privar os países, nomeadamente os do Sul, do seu direito ao desenvolvimento”.A China é o terceiro maior destino das exportações norte-americanas, com 144,6 mil milhões de dólares de mercadorias vendidas em 2024. Na mesma altura, o gigante asiático vendeu 439,7 mil milhões de dólares de mercadorias aos Estados Unidos.

“A pressão e as ameaças não são a melhor forma de lidar com a China,” disse Lin. “A China salvaguardará firmemente os seus direitos e interesses legítimos”, acrescentou.

Lin afirmou ainda que as taxas impostas por Trump prejudicam a estabilidade da produção global e das cadeias de abastecimento e afetam seriamente a recuperação económica mundial.

c/ agências
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